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Ontem, ao jantar, falávamos uns com os outros sobre as próximas férias. Para onde gostaríamos de ir, o que gostaríamos de fazer, o que gostaríamos de ver, de encontrar. Que tipo de férias iríamos querer ter. Uns como habitualmente preferem praia, para relaxar, estar com o corpo ao sol, a brincar com os filhos na praia. Outros querem fazer uma viagem cultural. E outros ainda preferem outras andanças. Nisto começam eles “Sofia, diz-me lá para onde vou de férias este ano?” “Bem, eu não sei para onde, mas posso ver as melhores zonas do país e do mundo favoráveis para vós para a altura que querem ir.” Cálculos para a frente, cálculos para trás, e valha-me saber o calendário chinês quase de cor, passámos o jantar a sonhar com destinos de férias e lá os ajudei. Como já vem sendo habitual, costumo escrever-vos sobre o tema da Direcionologia e os destinos a evitar no ano, e embora já o tenha feito em Junho, depois em Março, o que é certo é que os leitores têm-me pedido para falar do tema logo em Janeiro porque até Março têm de marcar as suas férias e escolher o destino, porque quanto mais cedo as reservarem, mais em conta ficam, e garantem a reserva para o que realmente querem. E, portanto, aqui estou eu, a cumprir a vontade dos meus queridos leitores e seguidores.

 Pois bem, em 2020 as direções a evitar, e estas são comuns a todos os indivíduos, são os destinos em ficam a Este e a Oeste do seu ponto de referência, ou seja, da sua habitação, onde mora e está grande parte do tempo. Mas, estas direções são de evitar para viagens de longa duração (acima de um mês), sejam de férias ou de trabalho ou de outra índole, inclusivamente para mudanças de casa, de cidade, ou até de país. Porém, para viagens mais curtas, como as de quinze dias a três semanas ou até um fim-de-semana prolongado, devem analisar-se caso a caso, porque é necessário ter em consideração a altura da partida, exemplo, se serão em Março, em Junho, em Agosto, em Outubro, e por aí em diante, bem como a data de nascimento dos indivíduos. Mas, posso dizer-vos que se a viagem ocorrer de 5 de Março a 3 de Abril ou de 7 de Dezembro a 4 de Janeiro de 2021, para viagens de uma semana ou mais, igualmente os destinos a Este ou a Oeste de sua casa são de evitar. Isto porque quando viajamos em direção a movimentos desfavoráveis, a qualidade da viagem fica ou pode ficar comprometida, e em vez de correr como planeámos, consoante a direção que escolhemos tanto podem acontecer pequenos imprevistos como grandes desastres.

Cá por casa, a Direcionologia é seguida à risca. Mas nem sempre foi assim. Quando aprendi este cálculo há muitos anos, resolvi testá-lo, e por via das dúvidas, escolhi a pior direção que havia. Bem, posso dizer-vos que o desfecho foi bastante desagradável, para não dizer que as consequências no pós viagem, foram dos piores momentos que já passei na vida.

Em 2018, não querendo de todo desafiar os movimentos ditos perigosos, enviei o nosso mapa de direcionologia para a Filipa, a nossa agente de viagens e como habitual pedi-lhe: “Filipa, que destinos/programas tens para esta altura e para estas zonas do mundo?” Surgiram várias hipóteses, mas entre gostos, preços, timings e direcionologia, surgiu a hipótese de Cuba, 2 dias em Havana e 7 dias em Cayo Coco.

Fiquei reticente porque Havana estava ainda dentro dos destinos perigosos e Cayo Coco estava já fora, mas ainda muito perto do limiar. Depois o mais descontraído lá de casa insistia no destino e dizia que só dois dias num destino desfavorável, talvez não afetasse os outros 7. Bem, lá rezei aos santinhos e fomos e posso dizer-vos que ainda bem que fomos só os dois e não levámos o nosso filhote.

Os percalços começaram logo com inúmeras horas de atraso nos voos, mas não tão atrasadas ao ponto de termos direito a indeminização. Quando estávamos entre voos, no aeroporto, lemos nas notícias que se tinha acabado de levantar uma tempestade, chamada “Alberto”. Eu olhei para o meu marido, como quem dizia “Eu avisei!!”. Ao que ele ao ler os meus olhos disse “Não te preocupes. Já estive a ver no site da NOAA (O IPMA dos EUA) e a tempestade vai passar ao lado. Não te preocupes, nem estamos na altura das tempestades sequer”. Como sou muito positiva, agarrei-me a isso.

Na verdade, entre os pingos da chuva, os dias em Havana até foram bastante agradáveis, e passados os tais dois dias, lá estávamos nós à porta do hotel, às oito da manhã, para irmos de transfer para cinco horas de viagem até Cayo Coco. Mas, antes resolvi atender os meus feelings e fui ao supermercado comprar água e comida para a viagem, ainda que o meu marido me dissesse “Não é preciso, depois paramos num lado qualquer”.

Assim que entrámos no transfer, o senhor alertou-nos que o tempo estava muito mau, que não chovia assim em Cuba há 30 anos, e que já haviam estradas cortadas. Já na dita “autopista” e com apenas duas faixas a funcionar, uma para cada lado, a água invadia tudo. Era assustador. Olhava para o lado e só se viam copas das árvores, tudo o resto era água. Nisto, ouvimos nas notícias que a ponte de Santo Espírito tinha caído.... Começo a olhar para o mapa e era a ponte por onde íamos passar!! Olho para a frente e água. Não podíamos avançar mais. Embora soubesse que saía viva dalí, o medo estava instalado, pois haveria o perigo de estarmos encurralados sem conseguir voltar para trás.

Liguei à Filipa claro, para acionar o que era preciso, e à minha mãe, que para eu lhe ligar a pedir para rezar era porque a coisa estava preta! Preta para mim, porque o meu marido, parecia um japonês de máquina em punho a tirar fotografias e a dizer que iria ter uma história para contar!! O que é verdade, porque aqui estou eu a contar-vos esta aventura!!

cuba tempestade

Bem, queridos leitores, nem vão acreditar, passado um bocado comecei a sentir a minha roupa por baixo toda encharcada. Ainda pensei que com o medo me tivesse descuidado, mas além de estar muito molhada, eu continuava aflita, pelo que rapidamente percebi, que a água que víamos ao nível das janelas, tinha entrado no carro!! Era impossível chegarmos ao nosso destino. Já tinham passado oito horas e nós naquele diluvio.

As autoridades, através de radio, mandaram-nos pernoitar num hotel, até haverem condições para seguirmos. E lá ficámos, retidos, a sonhar com Cayo Coco.

Passados quase dois dias e mais umas peripécias pelo caminho, chegámos finalmente ao nosso destino, lindo de morrer, e que apesar destes desaires, eu recomendo vivamente. E como final da história, sabem como se chamava o empregado que nos recebeu no hotel e tratou do check-in? Alberto!!!

Moral da história: Ainda que no cômputo geral a viagem tenha sido estupenda, a perda de dois dias no meio de um diluvio foi para lá de desagradável. Portanto, e não puxando a brasa à minha sardinha, no início do ano ou mesmo antes de reservarem uma viagem, façam uma consulta de Direcionologia. É super em conta e vale a pena em prol do vosso bem-estar e segurança! :)

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